terça-feira, 28 de maio de 2013

A paz

Eu sonhava com uma vida mansa, longe de perigos, simples, sem os tormentos da cidade grande, assim comprei uma pequena casinha, muito simples no interior, de alguma cidade, prefiro não dizer o nome para preservar o local dos curiosos, pois não sei se seria agradável perturbar  o sonho do que lá repousam.
  No começo tudo estava muito agradável, o ar era puro, o silêncio era acolhedor, os pequenos sons dos passarinhos, ah, era divino, tudo em seu lugar, mas os dias passaram, e eu resolvi explorar o terreno de minha amada casa rural, para que tive essa ideia? Bom é óbvio, o terreno é meu, a casa minha, eu tinha que conhecer melhor o lugar que vivo, assim resolvi cavar nos fundos de minha casa, para fazer uma hortinha, pois os mercados, a zona comercial, fica muito longe da minha residência, assim economizava tempo e dinheiro. Não precisou cavar muito, para que o assombro tomasse meu olhar, e um susto levei, quando vi, nos fundos de minha casa, ai, eu fico assustado só de lembrar, por que fica me questionando detetive Denis? Não fui eu! Não fui eu! – Escondia o rosto com as mãos, o senhor Ricardo, com um imenso pavor, assim começa meu registro, do meu primeiro caso, que chamo:

A paz
 Dia 13 de janeiro de 2001, cidade “?”,

 Meu nome é Denis, hoje iniciei a carreira que sempre sonhei, desde meus 5 anos de idade, ser detetive, e para começar, peguei um caso muito macabro, o senhor Ricardo encontrou nos fundos de sua casa corpos humanos sem suas cabeças, eles estavam em péssimo estado, mas não eram antigos, mais ou menos de uns 2 anos de falecimento, Ricardo, pobre senhor, jura que não conhece os corpos, e que nunca mataria ninguém, porém ele, por qualquer motivo, não abre a boca para falar quem vendeu a casa, talvez essa seja a resposta.
 Bem, vou ter de procurar evidencias, e infelizmente terei que fazer Ricardo falar.

Dia 14 de janeiro de 2001

 Pedi para que ficasse na casa de Ricardo, ele com muito medo, e não querendo minha presença ali, permitiu minha estada, fiquei hospedado em um quartinho velho e abandonado, isso só me faz pensar que ele realmente quer que eu vá embora, mas quem não deve não teme, não é mesmo? Por qual razão ele está assim? Para responder essa pergunta, eu investigarei na madrugada do dia 15, agora irei dormir de dia, pois a noite será longa, bom, é claro que vou trancar tudo e colocar os moveis na frente da porta, não quero arriscar, pois já estou arriscando de mais, até mais tarde, meu diário.

Madrugada do dia 15 de janeiro de 2001,

 A casa está silenciosa, Ricardo já deve está dormindo, afinal são 00H30, imagino que deva está dormindo, bom, só para constar, como é difícil arrastar os moveis sem fazer barulho, por isso, só estou saindo do quarto esse horário, bem, para avisar quem lê esses meus registros, estou fazendo eles a cada passo que dou, o meu diário está nas minhas mãos nesse momento, e eu estou abrindo a porta.
  O que?! Pena que aqui não tem o som, nem a imagem, pois assim que abri a porta, um revolver atirou! Se nessa casa só tem duas pessoas, eu e o Ricardo, então Ricardo tem muito a esconder, mas será, ele que contratou meus serviços de investigações, por que ele teria algo a esconder? Deve haver mais uma pessoa aqui...  Eu acabo de escutar passos, subindo as escadas,  sei que é um sonho de infância ser detetive, mas estou com muito medo e arrependido, tentaram me matar. 
  Bom, esqueça, vou continuar...
  Primeiro devo olhar aonde o tiro acertou, que interessante, pois o pequeno buraco na parede que o tiro fez, deixe eu olhar por ele, não! Isso é impossível, há um homem lá fora, no mesmo local onde Ricardo encontrou os corpos, quem colocou essa arma preparada dessa maneira, queria me dar um aviso e não me matar, isso é assustador, o que vou fazer?
  O homem abandonou o local, irei até lá.
  Meu Deus, enquanto olhava pelo buraco, alguém tirou o revolver da entrada do meu quarto,  e colocou um recado grudado na parede:
 “Senhor detetive, por favor ache minha cabeça e a cabeça de minha esposa, queremos ir inteiros para o inferno ou paraíso...”
  Que tipo de brincadeira é essa? Quem colocou esse bilhete aqui, Ricardo, vou falar com ele agora.
   Senhor  ou senhora que está lendo esse registro, nesse momento eu estou na sala da casa de Ricardo e adivinhe...


 Denis não consegui escrever o final desse registro, uma pena,  meu colega de profissão foi assassinado, o que será que ele viu naquela sala, bom, deixe-me apresentar, meu nome é Flávia Jaine, colega de Denis, e também irmã, a partir desse momento, do dia 31 de janeiro de 2001, pois infelizmente os policiais que encontraram o corpo de meu irmão, só entregaram hoje esses registros, porém já estou a caminho, e não me importa o que, eu vou vingar a morte cruel de meu irmão, os policiais me entregaram seu corpo sem sua cabeça, mas o que será isso?

 Dia 1º de fevereiro de 2001

  Acabo de chegar na casa de Ricardo, que lugar pesado, assustador e diabólico, os policiais me disseram que a única coisa que mudaram no local, foi o corpo sem a cabeça de meu irmão, devo parar de chorar, se não mancharei o diário dele. Ainda bem que só mudaram isso, o dia está bonito, isso ajuda a baixar um pouco a tensão.
  Ao entrar na casa em que meu irmão morreu, a primeira coisa que eu vi, é um corpo sentado, em uma poltrona de couro sem sua cabeça, provavelmente é Ricardo, essa foi a última visão que teve meu irmão, já sabemos então, que, não foi o Ricardo o assassino. Que lugarzinho feio, aqui fede, cheiro muito forte de decomposição, como somos  frágeis, espere,  tem alguma coisa na mão desse cadáver... Vamos ver.
  É um pedaço de papel, nele tem algo escrito, mas não dá para ler, vou guardar, talvez encontre os outros pedaços. Que lugar horrível, mas eu não posso deixar de investigar, pelo meu irmão, que será vingado!
  Está escurecendo, não vou cometer o mesmo erro que me irmão, é melhor ir para o hotel ... Droga, na saída da casa tem um homem encapuzado, parece a morte, o que vou fazer, não posso ser pega, ele está vindo para dentro da casa, já sei... Droga a janela está emperrada preciso de alguma coisa para desemperrar essa merda,  vou olhar dentro do armário, meu Deus ele está chegando,  que ótimo um machado,  sinto muito vou ter de destruir a janela.
  Feito, estou fora, mas, que gritaria é essa, nesse momento olho para atrás e vejo o homem encapuzado, pulando a janela, eu tenho que correr...
Ela conseguiu fugir, isso é uma pena, pois preciso de 6 corpos para o sacrifício e invocar Mefisto , já tenho 4 cadáveres, e suas belas cabeças, preciso de mas duas e tudo que sempre quis estará a um passo da realização, afinal para se ter paz é preciso guerra, estou errado.


 Diário de Flávia Jaine

Dia 3 de fevereiro, 
 Infelizmente, eu perdi o diário de meu irmão naquela casa horrenda, graças aquele maldito homem encapuzado, o que será que ele quer? Eu preciso descobrir, e quem será que ele é? Só perguntas e nada de respostas, bom ao menos tenho uma pista, um pedaço de papel, que não diz nada até que encontre os outros pedaços. Droga.
  Estou no hotel, vou aproveitar para perguntar sobre Ricardo, estou com medo de continuar, mas é pela alma de meu irmão, estou muito poética, mas é o desejo de vingança, aposto que estariam assim se perdessem alguém importante.
  Bom agora ao trabalho.

Dia 3 de fevereiro,  interrogatórios

  Primeiramente eu converso com os funcionários desse hotel, a camareira me disse que nunca ouviu falar de nenhum Ricardo, é que a casa pertencia ao um velho chamado Horácio, e que ninguém ousava chegar perto daquela residência.
  Os faxineiros do hotel confirmam o que a camareira diz, só complementam, que todas as pessoas atraentes que entram lá, não voltaram, e que dizem que abaixo, no porão da casa, tem um altar ao demônio, de lendas medievais Mifistófeles, Mefisto, ou Mephisto,  e que segundo eles, esse demônio realiza desejos em troca de belos rostos, pois ele adoro a beleza,  porém para mim, isso é um pouco de mais, porém não serei preconceituosa.
   Um funcionário, antigo aqui no hotel, se ofereceu para responder espontaneamente, ele me levou até sua sala, e disse para que eu não tocasse em nada, então, todo o diálogo que tive segue aqui registrado:
  - Por que não posso tocar em nada?
  - Por que deveria tocar em algo?
  - Isso me faz pensar que esconde alguma coisa.
  - Como alguém que se oferece para ajudar esconde alguma coisa?
  - Talvez para despistar os olhares que te acusam.
  - Interessante, mas não escondo nada.
  - Então deixe eu examinar sua sala.
  - Não.
  - Está bem – Disse com ironia.
  - Bom, vi que estava perguntando sobre o caso da casa de Ricardo... Não se meta nisso! É perigoso de mais, deixe isso para lá esqueça!
  - Não posso! Meu irmão foi assassinado graças a esse caso,  e eu vou me vingar!
 - Vingança, vocês jovens só pensam em vingança! Revolta, dor, tragédia, por que não escolhem viver a vida?!
 - Eu queria escolher viver a vida! Mas, parece que o senhor é surdo! Mataram o meu irmão!
 - Como matam todos os dias outras pessoas!
 - Eu estou me lixando para as outras pessoas! Elas que procurem os seus meios para resolver suas magoas,  não me importo com as outras pessoas, me importo com o que eu sinto! Meu irmão era importante de mais para pensar que vingança é algo ruim, e se for, dane-se!  O que fizeram com ele também é ruim! E por que está tão interessado em me distanciar do caso?
 - Pois não quero que mais pessoas morra!
 - Como?
 - Meus filho e minha nora, morreram naquela casa, foram os primeiros a serem encontrados, depois seu irmão entrou no caso, e morreu da mesma forma, eu não quero mais mortes!
 - Eu também não quero, por isso não vou abandonar esse caso! Agora que me disse, me explique por que seus filho e nora foram mortos?
 - Eu não sei o motivo, só sei que eles procuravam um lugar para passar a lua de mel, e falaram para eles que essa cidade era uma cidade de paz, de contato com a natureza, eu falei, mas eu tinha dito para que ficassem no hotel, mas eles escolheram alugar a casa, pois queriam uma experiência mais próxima da vida do campo, realmente, e aquela casa estava para ser vendida ou alugada, eles a acharam aconchegante...
 - Aquele lugar horrendo?!
 - Sim, era bonito. Assim eles alugaram aquela casa, e na noite em que viveriam suas últimas horas  de vida, meu filho me liga e diz...
 - Não chore.
 - Ele... me fala... Pai, no porão dessa cas... Não termina a frase, e o barulho que escuto, é a cabeça dele rolando, e o sangue escorrendo... Isso foi a dois anos, não encontraram os corpos, até o dia em que Ricardo resolveu fazer sua horta...
 - Obrigado senhor. – Fiquei espantada e fui até meu quarto.
Dia 4 de fevereiro de 2013

Hoje acordei cedo, e coloquei na minha cabeça que tenho que investigar cada rachadura daquela maldita casa, levanto da cama e olho para o chão, no pé da porta, tem um bilhete, em um envelope negro, selado com uma caveira, abro o envelope, e pego o bilhete, dentro do envelope, além do bilhete tinha duas fotografias, nelas estavam a imagem de um altar diabólico, sangue, e cabeças bem conservadas, só não havia a cabeça de meu irmão, no bilhete estava escrito:
 “É nisso que quer se meter? Vá embora detetive, se não sua cabeça será um dos sacrifícios para Mefisto, olhe bem as fotos, eu não estou brincando, estou com o diário de seu irmão, aconselho a não procurar nada mais aqui, nem esse pertence familiar.”
  Que coisa, como a pessoa que me mandou sabe que me meti nesse caso, mais perguntas sem respostas, eu vou ter as respostas.
  Abro a porta, vejo que o corredor do hotel está deserto, isso está ficando estranho,  olho a direita da entrada de meu quarto, e lá vejo uma cabeça enfaixada, começo a desenfaixar a cabeça, é só um manequim com um espelho na face, revelando minha face, o que isso quer dizer! É óbvio que alguém quer me assustar e fazer-me fugir, mas vai precisar de truques maiores para isso.
  Desço para a recepção do hotel, lá não há nada, e nem ninguém, além de uma carta, do mesmo modo daquela que encontrei no meu quarto, abri, mais fotos, agora com o corpo de uma bela mulher na mesa de sacrifícios, passo para a outra foto, o homem encapuzado se preparando para cortar a cabeça, passo para outra foto, a cabeça decepada de uma bela dama, na foto está escrito, só falta mais uma. Abro o bilhete e nele diz:
  “Se não for embora, sinto muito, mas você será a próxima”
 Vasculho de novo o envelope, e lá a um pedaço de papel, corro para o meu quarto, abro a gaveta em que guardei o pedaço que tinha, junto os dois, e leio:
  “Por favor devolva nossas cabeças”
   Isso é insano!
  A porta do hotel bate com força, corro até a entrada, e vejo o encapuzado indo embora, e para a minha surpresa, todo o hotel cheio novamente. O que será que está acontecendo?
 Hoje vou me deitar mais cedo.

 Dia 5 de fevereiro de 2013·.
 Ontem o dia foi esquisito, acho que a muito mais que a simples razão nesse caso, estou com medo, mas é necessário continuar, hoje vou naquela maldita casa,  agora. Do hotel a casa a caminhada é de 30 minutos, desculpe demorar para registrar essa informação, mas é que estou apavorada.
   Bom, depois de exatos 30 minutos, chego na residência, e para minha surpresa, na entrada está a placa de vende-se ou aluga-se, eu já sei que isso é um plano para fazer algum tipo de ritual, pois é assim que  “Horácio” age, ele atraí suas vítimas com a promessa de paz, ar puro, sossego e liberdade do caos da cidade grande, assim a casa é alugada, e ele efetua seus crimes, decapitando suas cabeças, e dando como sacrifício ao demônio Mefistófeles, para que ?
  Não  me importa nesse momento, só sei que devo e vou arrancar essa placa, assim ninguém aluga ou “compra” essa casa.
  Interessante, abaixo dessa placa existe um tipo de cova, preciso cavar, mas com o que?
  Já sei, dentro daquele armário onde peguei o machado para escapar daqui tinha uma pá, vou ter de entrar novamente nessa casa, droga.

Dia 5 de fevereiro de 2013, interior da casa maldita

 Estou dentro  novamente,  droga, no armário que peguei o machado não tem mais a pá. Isso só me faz crer que Horácio não quer que eu descubra o que está enterrado naquela cova... Escutaram isso! Claro que não, pois estão lendo meu registro, mas é uma voz fantasmagórica, dizendo devolva minha cabeça. Que droga isso significa?
  Aparentemente a casa está vazia, mas o que seria a voz, falou novamente, agora disse:
  - Sou Horácio.
  Horácio? Isso está ficando estranho, preciso encontrar a pá.
  Um cofre... É um cofre muito grande, será que a pá está lá dentro, não... Bom, não devo descartar, na parede está colado um código, registrarei ele aqui:
  “A noite uma lua para a direita do segundo sol, que girou 3 vezes para a direita e encontrou um olhar de bode,  que morreu com três tiros”
 Código estranho, mas testarei no cofre... Abriu! A pá não está aqui, que droga, mas olhe que interessante, mais fotos! Numa delas mostra a cova que encontrei lá fora, é uma passagem secreta para o porão, se consegu...


Diário de Denis

Dia 5 de fevereiro de 2013
 Flávia Jaine foi muito burra em ficar investigando dentro de minha casa, principalmente depois de todos os avisos que eu deixei, sua cabeça será a última para invocar Mefisto, e meus desejos serem realizados!

Dia 6 de fevereiro de 2013

  Flávia está amarrada na mesa de sacrifícios, pronta para ser decapitada, e meus sonhos serem realizados, eu queria que vocês que pegaram esses registros estivessem aqui, pois é muito divertido vê-la amarrada tentando escapar da morte eminente, ela tenta gritar, mas está com uma mordaça, seus olhos estão arregalados, com muitas lágrimas, pois meus amigos, de todas as cabeças que ela aqui vê, penduradas, preparadas no pentagrama, não há a de seu irmão, queria saber o que passa na cabeça dela.
  Bom, vou tirar a mordaça e perguntar o que ela pensa.
  Droga, ela cuspiu na minha cara, vadia! E devolvi a ofensa com um morro no seu olho.
  - O que fez com a cabeça do meu irmão?! – Ela pergunta desesperada.
  - Nada – eu tiro o capuz negro – Ela está bem, muito bem!  - Risos perturbadores.
  - Então o assassino é você?! Meu irmão! Não! Não! Não!
  - Não, por que não?
  - Mas, você morreu! Me entregaram seu corpo!
  - Como pode ter vindo essa casa, e não ter reconhecido.
  - Mas, não, não pode ser, eu enterrei o corpo do meu irmão!
  - Eu sabia que da forma que foi, não iriam fazer dna, afinal todos que aqui pisaram morreram, o que eu fiz, foi pegar o corpo de Ricardo, colocar minhas roupas, e entregar a polícia, você como detetive, que se diz melhor que todos, e pisa em mim, devia averiguar, minha irmãzinha! E não conhecer a nossa casa, da infância, bom, se bem que, era uma recém nascida quando nos mudamos para a cidade.
  - Mas, meu irmão, por que? Eu te amava, eu queria até vingar sua morte!
  - Mentira, você sempre estava a frente, mostrando o quanto era boa em tudo!
  - Denis.
  - Mas agora as coisas vão mudar, eu vou pedir para o demônio Mefisto voltar ao passado, e te apagar, assim eu terei os melhores cursos, a melhor  vida! E seria o melhor detetive!

 - Denis, você teria coragem? Eu sou parte de seu sangue! Denis!
 - Eu já matei 4, é óbvio que vou ter coragem.
 Novamente as vozes apareceram, e diziam, “Queremos nossas cabeças”, minha irmã pergunta:
 - O que são essas vozes? Um truque?
 - Essas vozes, são os fantasmas. Suas almas lamentando, e pedindo pela única salvação que podem ter, e não serem devorados por Mefisto...
 - Que salvação?!
 - Se eles tiverem suas cabeças de volta no lugar, Mefisto não poderá devorar suas almas, pois Mefisto só quer o corpo belo dessas vitimas, sua beleza, carnal, mais nada, por isso enterrei os corpos de uma maneira que os conservem, do lado de fora em pontos especiais, e aqui dentro coloquei as cabeças como amuleto.
  - Então realmente são fantasmas?!
  - Sim, fantasmas que você não conseguiu salvar, por estar cega pela vingança, pelo interesse de salvar, aquele que nem gostava de você, pois você, boa detetive, não estava focada no caso, e por isso – se escuta o badalar do sinos da meia noite – você pagará por seus pecados no inferno – Assim eu decapitei minha... Não!
   Mefisto apareceu, e perguntou o que eu desejo, o que eu desejo? O que eu desejo? Eu gritei, reparar meu erro, quero minha irmã de volta! Mefisto diz:
   - Não devolvo sacrifício, o que você deseja?
   O silêncio se faz, e lágrimas caem de meus olhos. O Demônio, ou diabo como o povo da idade médio o chamava, dizia:
   - O que você deseja?!
   - Eu não sei mais o que eu desejo!
   - O que você, humano infame, deseja?!
   - Minha irmã de volta, o que eu fiz?! O que eu fiz?!
   - Já falei, não devolvo sacrifícios; e, não me interessa seus dilemas, suas crises, me tirou do inferno, pois quer algo, o que é esse algo, se não consegue desejar nada, ficarei com sua alma do mesmo modo que se tivesse desejado! Você não tem muitas escolhas, o que deseja?!
  - Minha irmã! Minha irmã! Minha irmã! Eu faço tudo o que quiser, mas devolve minha irmão, a traga de volta!
 - Não! Já disse que não devolvo sacrifícios!
 - Então não quero mais nada...
 - Sendo assim, não pegarei sua alma agora, isso seria aliviar a sua tensão, e eu não sou anjo para fazer isso, pelo menos não mais, sendo assim, você poderá tentar se enforcar, que não vai morrer, poderá tentar se matar de qualquer maneira, mas não vai morrer, e para completar, as sequelas que causará nessas tentativas, ficará com você, não vão se cicatrizar, assim viverá com a culpa a te torturar, e quando a morte te visitar, eu estarei lá, para devorar sua alma! E te trazer para o inferno.
 - Não! Não! Me leve agora! Você não pode me condenar, eu estou protegido pelas cabeças.
 - Não me insulte! Isso não te protegerá de nada – O demônio come as cabeças – as vezes eu habito o campo da razão, e temos que ser sinceros, a cabeça humana não guarda tantas purezas assim para ser um amuleto poderoso, até sua morte. – O demônio desaparece. Eu corro pego uma corda no quarto, preparo tudo para o meu suicídio, mas não funciona, tento me dar um tiro na cabeça, mas não funciona! Só a velhice, uma doença pode me eliminar, eu não! O que fazer agora...

Fim
História de Vinicius Diniz Rosa ©